sábado, 27 de agosto de 2011

o fim dos dias... ao joão nuno cruz

Retardei uma imagem sobre uma sombra escura,
 fiquei demorado por vê-la, restei-me magoado por tudo o que a velocidade não disse..
mas eu sempre soube como dizer-te…
quando entrou a invasão e o olhar do teu meu tamanho corpo… longe… rapidíssimo…
permite-me invadir a água desde o início,
deixa-me chegar ao fim… de todos os nossos olhos que decidem chamar as árvores fotografadas quando as pálpebras voláteis se fecharem em vegetais do que eu ainda tenho vontade de te dizer…
tu sabes… estou arrependido…
tu sabes… sou neve súbita e assustada no aroma da primeira noite…
tu sabes… a nova morada só pode ser um desastre…
posso- me esconder por entre esse escuro onde a luz não entra…
posso dizer que ainda respira uma pérola veloz, até alcançar a loucura…
posso dizer que tudo é a rapidez de um olhar…
e o amor, será sempre a ofensa,
o insulto recuado da mesma imagem dos mesmos olhos que queremos magoar…
sólida ave á descoberta da morte…
vou envelhecer pela tua distância…
magoa-me… volta a ver-me…
volta a olhar para mim…
fere-me…
e longe deste dia,
rebenta uma nova imagem de mim…

                        afonso homem

1 comentário:

jncruz disse...

Gostei imenso caro amigo! Gostava de ser capaz, ainda que por um bocadinho que fosse apenas, de me expressar com a caneta como o faço com as imagens! Se uma imagem nos permite reflectir um pensamento, um estado de espírito, uma emoção e por muito que digam que vale mais que mil palavras, a Palavra dita ou escrita não é um mero reflexo! É a capacidade directa de nos exteriorizarmos de uma forma nua, crua, honesta e sincera... e isto, esta capacidade só está disponível em algumas pessoas! Admiro!