sexta-feira, 5 de agosto de 2011

i give up... a ti, filipe...


sobre a luz, o mais último tombar...
se eu morrer aqui,
revela-me o teu corpo, comigo dentro...
"nunca vi um coração tão forte como o teu
basta olhar o asfalto ferido" do cais
"ou lamber-te para sentir" o mar "e o azedo que outros corpos esqueceram no teu."
beber-te diferente,
de um modo estranho...
já nem a cinza sorri...
já nem o o fogo te arde...
"começou a falhar-me a memória
já não sei se esta cabeça de pano existe ou ainda existirá
onde a contemplo... tenho medo
medo que me segrede quanta solidão está ainda intacta"
quanta desolação permanece em mim...
desce um luar feito de vidro,
semelhante à luz da chuva,
depois do gesto,
"na verdade, estou derrubado
amanheço dolorosamente, escrevo aquilo que posso
estou imóvel, a luz atravessa-me como um sismo
hoje, vou correr à velocidade da minha solidão..."

excertos de afonso homem e al berto

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