sábado, 27 de novembro de 2010

o declive do suicídio

não é o fim que se principia,
mas o começo de um novo rumo.
tantas palavras,
tantos gestos e não haver o que quer que seja,
de novo...
o que dizer de tudo o que foi feito,
e alguma coisa poderia ter sido ao contrário?
as horas taciturnas tardiamente consumidas,
jamais se poderão dissipar,
e escondo-me no espaço azul entre as nuvens...
sou bem vindo ao início de um agnóstico sonho,
ao declive do suicídio,
ou ao grande desencanto com a vida...
o lugar da utopia
é o mais sincero elogio de tudo o que desisto.
não posso ter mais que um lugar presente
enquanto me divido em tantos espaços do meu tempo.
é estar aqui, e não estou,
sem saber se sou ou se fui...
o corpo emagrece,
a mente se consome,
e nada lhe mata a sede sedenta de ter fome!!
há algo mais para além do fracasso,
do engano que dei à perfeição...
há algo que não foi sentido no meu instante de exaustão...
que singular bocado de tempo
entre a solidão sombria de um curioso momento
e a expansão funesta de um dia o ter conquistado!...
e foi tudo ou nada
o que a vida me conquistou... fiquei aqui...
não te espero,
por alguma razão...
não te encontro,
talvez porque não queira ou
a fadiga me encontrou...
sabes,
o amor tabém se cansa, desespera?...
e o meu que não espera,
desesperado se cansou...
liberto o espírito, solto o corpo e tudo o que vem
é um espaço fundo, cinzelado,
obra-prima, cansaço aberto,
mas não fecundo!!!...
e isto, apenas num segundo...
as horas passam e não falam,
mas oiço o rubor do seu sussurro,
na boca fechada que é o teu mundo!...
vou sair ou fechar-me bem dentro do que sou,
na memória residente,
e aí, poderei calar-me e não dizer o que trago aqui no fundo!!
e eis-me aqui!...
RISCO AS PALAVRAS DE QUE NÃO GOSTO.
É TER, DE ALGUMA COISA, A VONTADE!!!...
A VONTADE DE TARDIA DE TER ALGO,
SEM FORÇA,
SEM GOSTO,
E SÃO TODAS AS LETRAS QUE NÃO TÊM ROSTO;
DESSAS, NÃO ME RECORDO E NÃO AS ESCREVO;
DESSAS, NÃO ME LEMBRO E NÃO AS CHAMO...
AS OUTRAS,
NÃO SEI SE DEVO SENTIR,
ESCREVER,
OU DIZER QUE AS AMO!!...
E HÁ,
O MOMENTO EM QUE A PALAVRA CHEGA AO FIM,
TRANSTORNADA,
TODA ESCRITA,
NÃO FALADA.
E HÁ APENAS TUDO ISTO QUE EU NÃO SEI, EM MIM...

afonso homem






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