voarei na andorinha estonteante
do coração,
num céu fechado de cinza...
o súbito lugar branco
onde deixei o azul do tempo...
confundo-me,
com o deambular longínquo da noite
ensanguentada na boca.
são pássaros e flores
anunciando o meu eu e o silêncio...
depois,
verás o sorriso lilás
onde o vento é concha
perfumada de um ausente retorno...
apresso-me no abandono,
na falésia de uma penumbra.
e sabes,
permanente,
és um punhal de ouro absoluto,
no desmaio escurecido
por onde tombam os dias?...
medito na ilusão feminina do meu mar
letárgico mais lento...
prolongo-me no teu nome
demoradamente límpido,
no recolher brevíssimo das ondas...
rubro,
pernoito em ti,
e finjo-me morosamente morrer...
sem esplendor,
sem a dimensão das madrugadas mais escuras,
sem melancolias demoradas,
sanguínicas,
sem sílabas de negros abandonos.
bebo a insónia violeta e pressentida
das aves... a dor...
atrás da espuma e das pérolas,
um gemido...
um astro...
um espasmo...
mas quando acordares, no vermelho rasto da memória,
o instante amanhecerá
nas varandas púrpuras dos olhos...
SEPULTA-ME NA RESPIRAÇÃO
DAS ÁGUAS PLÚMBEAS DO ÚLTIMO SONHO!!
é tarde e cinza
o meu olhar, quando repentinamente, um gomo de luar,
se " fulgura no indício do magoado
desejo na densa escuridão dos teus passos."
esta é a casa de assombro
por onde me sinto seguro,
e onde nem o nada me encontra...
hei-de pintar-me,
isolado,
em todas as cores impossíveis
do silêncio...
afonso homem
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