domingo, 6 de março de 2011

"por uma noite"


escorrem-me palavras no corpo por onde caminho,
por onde te acabo,
sem nada para dizer...
o abandono é apenas uma sílaba
no vasto desistir de um embriagado silêncio,
quando nasce a noite e um vago dia de ti
que acabou por morrer...
 não sei de sítios que eu te consiga pousar,
como angústia,
horizontes,
como a tua ausência, esse não saber,
como este meu inconstante oceano,
que se abre de par em par...
e se acontecer??
e se eu desistir??
e se eu fizer algo para não te encontrar??...
e se eu não te amar??
amar-te-ei sem te saber??...
saberás amar-me,sem saber de mim??
que se inventem cidades fictícias que nos hão-de encontrar...
por agora,
as mãos,
a pele,
o silêncio dos incensos que nos faltou inventar...
sem sabermos...
por agora,
"por uma noite"...
por um silêncio...

afonso homem



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