que máscaras divinas,
profanas, me abundam na superfície
de um pequeno polegar,
que aponta o mundo?
o ritual do corpo é saudade;
mas nunca um despertar…
sou de um país estranho,
de um culto ferido das horas sem riso,
cinzento silêncio afastado de um coração submerso…
suspenso…
que decide que não quer acordar…
ah! pensar as mãos que agitam as sombras do sono
e lhes hão-de dar luz…
a mesma luz que lhes há-de faltar,
à luz da mesma sombra…
luz do que fui…
sombra do que sou…
vivo no fundo do mar,
na superfície da minha manhã…
sou cidadão do escuro,
luto ser vestido a negro,
mas tão branco no olhar…
sei que sou o apontar os olhos,
num teu outro lugar…
eu sei; onde não estou…
o convidado do escombro,
as mesmas mãos meigas que dizem
que a placenta ternura acabou…
que extraordinário é beber-te
neste chão que sei, com sede,
que nunca será o teu sedento caminho de voltar…
o estender diurno das mãos,
é o veludo tombar da noite.
terás sempre essa pele com que te vestes,
essa derme que me circunda,
que me define,
esse tumor que me compreende…
depois,
a imagem dessa lenda quixoteana de vencer
gigantes meigos e moínhos imaginários
de ternura…
monto cavalos alados e memórias deste perpétuo,
perfeito,
deste todo teu,
imenso silêncio…
afonso homem
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