permanecerá,
em mim,
a estátua dos teus passos,
se te suspender,
se te nomear,
nesta mancha de luz sonâmbula,
em penumbras lentas, onde cintilam aves,
onde perfumam desfeitas e
labirínticas maresias dos sentidos...
adormeço as sombras ténues
que apertei nas mãos,
"a vida é uma coisa. o amor é outra."
parámos na sedução flutuante dos olhos...
essas constelações luminosas
para além do turvo e vagaroso sonho.
fingimos que fomos vida,
lírios,
ou anjos,
" duma lágrima triste."
se humildemente sobrasse o obsessivo
silêncio da tua assustada passagem,
a seda das tuas águas,
iriam transbordar os limites da alma
de um coração em desordem...
e lembro-me...
do pólen que não consigo acordar...
gota a gota,
o orvalho habita-me...
na solidão dos pássaros,
no silêncio sanguínico do anoitecer,
num sítio ignorado,
onde transpiram os olhos e
os corações escrevem subterrâneas pétalas...
é sem igual,
a escuridão do espírito,
súbita brancura dos ombros
numa invisível e delicada voz...
vou atar o teu nome,
de porta em porta,
em cada imenso poema...
o destroço surpreende o escombro...
as travessias dos pulsos...
pernoitámos na paixão jovem,
quase morta...
na boca,
choveram veleiros do teu mar...
terras...
hemisférios...
viagens...
vive!...
existe!...
bebe, depois do medo,
calma,
a fracção do meu mais prateado silêncio...
afonso homem


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