devoro,
com dificuldade,o delírio de respirar
e escrevo-te algo,
fora da paisagem,
que te fizesse doer...
algo de violência, algo de
cor a fugir,
que te fizesse sofrer...
mas fiquei algo de perder a memória,
no veleiro da noite...
algo de mim mesmo,
sonâmbula beira-mar,
casúlo de ponta a ponta
na água da mais soberba ternura...
finge-me...
veste-me de penumbras... muito para além da pele desenhada
onde o coração bate...
nascer com a cor dos olhos...
o silêncio... sem azuis... sem abrigos...
a morte esquece,
sabendo,
que o doce do peito
é mais forte que a tua flor de silêncio...
se ponderasses
no teu pormontório,
saberias que eu voltaria
a nado,
nas tuas águas paradas,
a escrever-te o que mais se parecesse com a saudade...
tarde... tarde... sempre tarde...
obrigado solidão...
" onde te deixei morrer... "
o silêncio rebentará, só para mim...
único sangue incandescente que me entra no corpo.
lentamente.
que nem chega a ser meu.
sou o debruçado tronco,
o receio,
a raíz que extingue o mundo...
só sei contar o medo,
" só sei contar esta falta que me fazes... "
só sei contar o silêncio...
afonso homem
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