terça-feira, 11 de janeiro de 2011

" até onde quiseres ir "

largo a tristeza
num lugar delicado,
perpétuo,
onde pernoito
a suspensa ferida
que finges morrer...
o silêncio desgasta-me,
acorda-me,
na minha suspensa noite de vento...
vou atravessar a manhã,
tremenda,
quando me ensinares os olhos,
a brisa,
o rumor lento da morte,
um outro corpo,
" até onde quiseres ir. "
é possível que as paredes rebentem
e o silêncio deste rio
não me visite...
quando quiseres sonhar,
dormir,
hei-de habituar-me ao escuro,
de alguém oceânico que te espera...
na enormidade que começa no princípio do mesmo sono.
as noites destas canoas,
procuram-te,
e eu despeço-me delas...
sob as águas do teu Tejo...
daqui... avisto-te...
desisto-me de ti...
morrendo-me...
de mim...
recolhe o meu olhar,
na sombra de um silêncio(...)

afonso homem

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